Por Bàbá Ifasogbon Agboola
11º mandamento – Eles avisaram que não se deve retirar a bengala de um cego. (a bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se interpõem em seu caminho).
Significado do 11º mandamento:
o sacerdote não pode prevalecer-se de sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos.
Interpretação:
Ninguém tem o direito de descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer orientação nas trevas em que caminha.
Mensagem:
Uma das mais importantes missões do sacerdote é ensinar e orientar. Muitas vezes surgem pessoas que nada sabem e julgam saber. É neste momento que o sábio aflora no sacerdote e a orientação correta e o ensinamento certo são passados, com doçura, sutileza e humildade, sem melindrar a quem os recebe e sem provocar confusões em sua cabeça. Tudo deve ser ensinado com clareza e lógica. Assim, o babalawo, no exercício de seu sacerdócio, assume também a missão de mestre.
A bengala é o que guia quem não enxerga, ajudando a evitar obstáculos. Na religião, isso significa que o sacerdote nunca deve usar seu conhecimento para humilhar ou confundir quem sabe menos. Ao invés de abalar a fé de alguém ou fazer a pessoa se sentir pequena, ele deve ensinar com paciência e carinho, como um mestre que ilumina o caminho.
Em diferentes casos, as pessoas chegam ao terreiro com pouca experiência ou até com ideias erradas, achando que sabem muito. O mandamento ensina que, nesses momentos, o bàbáláwo precisa ser sábio e gentil. Ele deve explicar as coisas de forma clara, com doçura, sem deixar ninguém envergonhado ou confuso. Fazer alguém se sentir mal por não saber é como tirar a bengala de um cego, deixando-o perdido no escuro. Em vez disso, ensinar com humildade fortalece a fé e ajuda a pessoa a crescer.
Se o sacerdote usa seu saber para se mostrar superior, ele machuca quem confiou nele. Mas, se ele ensina com amor, ele dá confiança para que a pessoa aprenda e se sinta parte da comunidade. O princípio de que ninguém tem o direito de destruir o que os outros acreditam; pelo contrário, o dever é construir, com palavras simples e lógicas, um caminho que todos possam seguir. Na vida, todos nós encontramos pessoas que sabem menos ou que estão aprendendo.
Podemos ser professores, pais, amigos ou colegas, e nossa atitude faz diferença. Humilhar alguém por não saber é como apagar a luz de quem está
tentando enxergar. Já explicar com paciência é como oferecer uma mão para caminhar junto. O mandamento nos pede para sermos gentis, compartilhando o que sabemos sem fazer ninguém se sentir menor.
Um sacerdote que ensina com carinho é como uma árvore que dá sombra e frutos para todos. Ele não só mantém a tradição de Ifá viva, mas também cria laços de confiança na comunidade. Quando ele respeita quem sabe menos, ele mostra que a religião é um lugar de acolhimento, onde todos podem aprender e crescer sem medo.
Os sacerdotes devem ser mestres de coração. Devem ensinar com clareza, humildade e respeito, nunca usando o conhecimento para humilhar. Como diz a mensagem, ensinar com doçura é a missão do bàbáláwo.

