Por Bàbá Ifasogbon Agboola
16º mandamento – eles avisaram que nunca faltassem com o respeito ou quisessem deitar-se com a esposa de um outro sacerdote.
(Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos de respeito).
Significado do 16º mandamento:
Os sacerdotes, independente de funções e hierarquia, devem respeitar-se mutuamente.
Interpretação:
Uma única palavra pode sintetizar o 16o mandamento de Ifá: “Ética”.
Mensagem:
A falta de ética entre os sacerdotes de nossa religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética, jamais abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procura corrigi-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem alardear aquilo que considera errado. Muitas pessoas tentam encobrir os próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros.
Esta é uma atitude incorreta que só tem prejudicado e impedido um maior desenvolvimento da nossa religião. Pode-se ouvir todas as noites, em programas de rádio produzidos e apresentados por sacerdotes e sacerdotisas do culto aos Orixás, verdadeiros absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação, na maior parte das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, e os malefícios que produz, não somente aos alvos de suas críticas, mas na religião dos Orixás como um todo que, a cada denúncia feita pelo ar, cai no descrédito e na execração pública.
Cada denúncia divulgada publicamente representa uma nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião. A seleção será feita, naturalmente, por Orunmilá e os Orixás, através da ação de Exú. Só a eles cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a eles cabe separar o joio do trigo. O mandamento é claro: a ética deve guiar as relações entre os líderes religiosos, para que a religião de Ifá permaneça forte e respeitada por todos. Ser sacerdote é carregar a responsabilidade de ser um exemplo de comportamento.
Isso inclui respeitar os outros sacerdotes, mesmo que tenham funções diferentes ou pensem de outro jeito. O mandamento usa a palavra “ética” para resumir essa ideia: um bàbáláwo ético não sai falando mal dos colegas, apontando seus erros para todo mundo ouvir. Se ele vê algo errado, tenta corrigir com cuidado, de forma respeitosa, sem fazer alarde. Falar mal ou criticar em público, como em programas de rádio ou conversas, só prejudica a religião, porque dá munição para quem já não gosta dela.
Hoje, é comum ver pessoas tentando parecer melhores apontando os defeitos dos outros. Isso acontece até entre sacerdotes, que às vezes brigam ou falam coisas ruins uns dos outros para se destacar. O mandamento alerta que essa atitude é errada. Quando um sacerdote critica outro em público, ele não só machuca o irmão, mas também faz a religião parecer fraca e desunida. É como lavar roupa suja na frente de estranhos: todo mundo perde o respeito.
Essa lição nos mostra que o respeito mútuo fortalece a fé. Um sacerdote ético guarda suas críticas para conversas privadas e trabalha para resolver problemas sem humilhar ninguém. Ele sabe que Orunmilá e os Orixás, com a ajuda de Exú, são os verdadeiros juízes, que separam o certo do errado. Tentar “julgar” os outros sacerdotes, apontando seus erros para todos, é como querer tomar o lugar das divindades, o que vai contra a humildade que Ifá ensina.
Falar mal ou tentar parecer melhor que os outros só cria inimizades e atrapalha todos. O mandamento nos pede para sermos justos, tratando os outros com o mesmo respeito que queremos receber, como se fossem parte da nossa família. Por isso, o décimo sexto mandamento é um chamado para que os sacerdotes vivam com ética e respeito mútuo.
Os sacerdotes devem evitar críticas públicas, resolver problemas com discrição e trabalhar pela união da religião. Viver com ética é mais do que evitar o erro; é construir um caminho de confiança, onde todos os sacerdotes se apoiam, trazendo força, harmonia e credibilidade para a religião e para todos que nela acreditam.


Um comentário
Quando cada um age com ética, não apenas se fortalece individualmente, mas contribui para um ambiente onde todos podem prosperar, mantendo a integridade e a dignidade da religião. Portanto, viver de acordo com este mandamento é uma forma de demonstrar amor e respeito não apenas pelos colegas, mas também pela própria fé e por todos que dela fazem parte.