Por Bàbá Ifasogbon Agboola
Obatalá é a divindade que recebeu do Criador Supremo a tarefa de erguer a terra firme e de dar forma ao corpo das pessoas. Ele age como o braço direito do Supremo aqui no mundo, carregando uma autoridade que vem direto da origem de tudo. Por ser um orixá dos mais antigos, nascido sem intermediários do Supremo, ele usa nomes que mostram essa ligação estreita. Um deles é Orisànlá, que quer dizer o grande orixá, o rei de tamanho imenso. Outro é Orisà-àlá, o orixá da brancura total, da limpeza que não admite mancha. Obàtálá significa o rei vestido de branco, ou o rei que traz a pureza no próprio nome. Atérerekáyé é aquele que cobre o chão inteiro, se espalhando sem deixar espaço vazio. Elédá é o construtor, o que levanta estruturas duras. Alábaláse carrega o cetro, sinal de quem manda com justiça divina. Ibìkéjí Èdùmàrè diz que ele é o segundo do Supremo, o representante que fala por ele. Osàlùfon traz a paz que reinava em Ifón. Ògìrìyán gosta de inhame pilado, comida simples que alimenta o corpo. Òrìsà funfun é o orixá branco, limpo como pano novo. Aládé séséefun usa coroa feita de contas brancas, brilhando sem cor misturada. Òrìsà Ifè é o orixá da cidade sagrada de Ifè, onde tudo começou.
Ele cuida da criatividade, da calma que desarma brigas e da paz que faz a vida fluir sem tropeços. Quando as coisas se agitam demais, Obatalá entra e acalma o ambiente, desde que a pessoa faça a parte dela, trabalhe com honestidade. Ele dá motivos para sorrir, e os filhos dele sorriem de verdade, com o peito leve. Mas ele não aceita meio-termo na conduta. Quer que as pessoas sejam direitas, como água que sai da pedra sem sujeira. O coração precisa ser claro, sem esconder nada. Quem segue isso recebe prosperidade, portas que se abrem sem força.
Crianças que nascem com alguma diferença no corpo são chamadas de Eni Orisa, gente do orixá, em sinal de respeito a Obatalá. Elas evitam certos alimentos, como forma de honrar a criação dele. Em algumas vilas, quando uma mulher está grávida, as pessoas dizem: que Obatalá faça uma obra bonita para nós. Outra frase comum é: não se envergonhe dos dentes grandes, foi o orixá que moldou assim, sem cobrir tudo. Essas palavras mostram que o defeito não é castigo, mas marca de quem foi tocado pela mão divina.

