Por bàbá Ifasogbon Agboola
Para compreender melhor, leia e reflita os ensinamentos presentes no Odu Òyèkú-Logbè. Observe:
Pàá l’àkísà ńgbó
Ọ̀ọ̀dùn ọ̀gẹ̀dẹ̀ ni ò fà ya paara-pààrà bí aṣọ
Díá fún Olódùmarè Agọ̀tún
Ní’jọ́ tó ńgbé Ninibínini bọ̀ wá’yé
Ẹbọ ni wọ́n ní kó wáá ṣe
Ó gb’ẹ́bọ, ó rú’bọ
Tradução
Um trapo velho rasga-se imediatamente.
Uma folha de bananeira recém-brotada não se rasga
Como um pedaço de pano.”
Esta foi a advinhação de Ifá para Olódùmarè Agòtún,
Quando Ele estava trazendo Ninibinini à Terra.
Aconselharam-no a oferecer um sacrifício.
Ele cumpriu.
No Odù Òyèkú-Ogbè, é nítido que o primeiro ser humano criado por Olódùmarè e trazido à terra foi uma mulher, chamada Ninibínini. Diferente de outras tradições que colocam o homem como o primeiro, a cosmovisão Yorubá aponta para o feminino como a origem da humanidade.
Essa revelação não é apenas uma narrativa; ela carrega um significado que ressoa na lógica da criação. Se somos filhos de Olódùmarè, feitos à sua imagem e semelhança, como afirmam as tradições, e se nascemos de uma mulher, então a forma divina deve refletir o feminino. A mulher, que gera a vida, que carrega e traz ao mundo novos seres, é a expressão mais clara dessa semelhança com o Criador.
Ninibínini, a primeira, não é apenas um símbolo da humanidade, mas a prova de que a essência divina se manifesta no poder criador da mulher. Essa ideia não deveria surpreender. Na cultura yorubá, o feminino sempre esteve ligado à criação, à continuidade da vida. A mulher, como Ninibínini, é a ponte entre o céu e a terra, entre o divino e o humano.
O Odù nos convida a reconhecer que a imagem de Olódùmarè não é abstrata ou distante, mas viva, presente na força de cada mulher que dá vida, que nutre, que transforma. Assim, Òyèkú-Ogbè nos ensina que a divindade não está separada de nós.

