Por Bàbá Ifasogbon Agboola

A reflexão sobre o conceito yorùbá de Ori e os elementos relacionados, como Àyánmo, Ìpin, Kádàra, Ìpònri e Akùnléyàn, oferece uma visão profunda sobre a existência humana, o propósito e a conexão com o divino. Esses conceitos, enraizados na cosmovisão yorùbá, nos convidam a pensar sobre quem somos, as escolhas que fazemos e como vivemos em harmonia com nossa essência no dia a dia.

Na tradição yorùbá, o Ori é mais do que a cabeça física — é a força espiritual que define quem você é, sua identidade única e sua conexão direta com Olodumare, o Criador. Antes de nascer, no Òrun (o mundo espiritual), cada um de nós, guiado por Baba Ajàlá Mòpín, escolhe seu Ori (o processo de escolha). Também escolhemos o Ìpin (destino), Kádàra (a orientação para o caminho) e Ìpònri (a ligação com a essência). Esses elementos formam o Akùnléyàn, o conjunto de decisões que moldam nossa trajetória no ile aiyé (o mundo material). Essa ideia é poderosa porque coloca a responsabilidade da vida em nossas próprias mãos. Não somos vítimas do acaso; somos cocriadores do nosso caminho.

O que isso significa? Primeiro, entender que temos um Ori nos lembra que cada pessoa é única e carrega uma centelha divina. Isso nos convida a respeitar a nós mesmos e aos outros. Cada Ori é diferente. Seu destino é só seu. Em vez de olhar para o lado, pergunte: “O que meu Ori está me pedindo hoje? Como posso honrar minha essência?” Isso pode ser tão simples quanto reconhecer suas qualidades — sua paciência, sua criatividade, sua coragem — e usá-las com confiança.

Na tradição yorùbá, uma pessoa que age de forma desequilibrada — com raiva, egoísmo ou confusão — não está alinhada com as escolhas feitas no Òrun. Esse desequilíbrio pode se manifestar como ansiedade, indecisão ou até conflitos com os outros.

O culto ao Ori é uma forma de honrar a si mesmo e ao Criador. A ideia de Àyánmo — o processo de escolha — também é prática. No Òrun, você escolheu seu destino, mas no Aiyé, você precisa lembrar e viver essas escolhas. Isso significa tomar responsabilidade pelas suas ações. O importante é decidir com intenção, sabendo que cada escolha molda seu Kádàra, a orientação do seu caminho.