Por Bàbá Ifasogbon Agboola
8º Mandamento – Eles avisaram que não deveriam usar as penas “ekodidé” para limparem os seus traseiros. (A pena do ekodidé é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser profanada).
Significado do 8º Mandamento:
Os sagrados fundamentos não podem ser usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas consequências.
Interpretação:
O sacerdote deve submeter-se de bom grado às interdições impostas por seu Odu pessoal, bem como como os tabus de seu Olori. A observância destes ditames está diretamente ligada ao estado de submissão às deidades cultuadas. As obediências totais às orientações de Ifá conduzem o homem à plenitude das bênçãos. Utilizar-se dos sagrados conhecimentos de forma leviana corresponde a profanar o sagrado.
Mensagem:
A figura aqui utilizada representa muito bem tal atitude. “Limpar o traseiro com penas ekodidé” é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e fúteis. Não se deve utilizar o poder da magia para prejudicar a quem quer que seja. A prática do mal, invariavelmente, apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm volta. Da mesma forma, aquele que se utiliza destes poderes visando unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados ditames e será responsabilizado por isto.
Essas penas são um símbolo muito sagrado no culto de Ifá, e o mandamento usa essa imagem para ensinar que nada santo deve ser usado de forma errada ou sem respeito. É como dizer que o sacerdote nunca pode tratar o que é especial, como os conhecimentos ou rituais da religião, como se fosse algo comum ou sem valor. Fazer isso é desrespeitar a fé e atrair problemas sérios.
Seguir essas regras não é só obedecer, mas mostrar amor e respeito pelas forças sagradas. Quando o sacerdote usa os poderes de Ifá para coisas ruins, como machucar alguém, ou para ganhar dinheiro de forma egoísta, ele está profanando o que é santo. O mandamento compara isso a usar as penas ekodidé de maneira suja, algo que ninguém que entende seu valor faria.
Essa lição é importante porque o poder da religião é grande, mas deve ser usado com cuidado. Fazer o mal pode parecer mais rápido, como diz o mandamento, mas leva a caminhos escuros e perigosos. Um sacerdote que usa a magia para prejudicar ou só pensa em lucro está traindo a confiança das pessoas e de Orunmilá. Isso machuca não só quem é enganado, mas também a comunidade inteira, que depende da religião para encontrar apoio e proteção.
Um sacerdote que desrespeita o sagrado é como alguém que joga lixo em um rio limpo: ele contamina algo que deveria ser puro. Por outro lado, quando ele segue as regras e usa o poder de Ifá para o bem, ele ajuda as pessoas a encontrarem paz e equilíbrio, fortalecendo a fé de todos. Essa ideia também nos toca fora do terreiro.
Todos nós temos algo valioso, como nossa palavra ou nossos talentos, que devemos usar com respeito. Usar o que temos para enganar ou tirar vantagem é como sujar algo precioso. Já usar nossas habilidades para ajudar, com humildade, é como cuidar de um jardim, fazendo ele crescer bonito e forte. O mandamento nos pede para sermos cuidadosos com o que é importante, seja na religião ou na vida.
Os sacerdotes devem seguir os tabus, usar os poderes de Ifá para o bem e nunca para interesses egoístas. Respeitar o sagrado é mais do que evitar o erro; é escolher viver com verdade, ajudando todos a caminharem juntos em harmonia e com bênçãos.

