Por Bàbá Ifasogbon Agboola
5º MANDAMENTO – eles avisaram que, não deveriam mergulhar fundo, aqueles que ainda não soubessem nadar. (O “saber” é fundamental para quem quer “fazer”. Para tanto, é necessário o “poder”, que só a iniciação pode outorgar).
Significado do 5º Mandamento:
O sacerdote não pode proceder a liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente.
Interpretação:
O babaláwo não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua. Procurar saber não avilta, mas, pelo contrário, exalta o ser humano. O saber é condição básica para que se possa fazer.
Mensagem:
Tudo deve ser feito integralmente e com legitimidade total. Se houver dúvidas sobre algum procedimento, deve-se pesquisar profundamente sobre ele. Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio cultural.
Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe, nada tem de humilhante e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação. A verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Só os tolos se exibem e sabem tudo! Sentença: Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar. (Da sabedoria oriental)
Não mergulhe fundo se ainda não sabe nadar. Isso significa que o sacerdote não deve fazer rituais ou práticas se não estiver preparado por uma iniciação completa ou se não conhecer bem o que está fazendo. O mandamento ensina que, para guiar os outros, é preciso ter conhecimento verdadeiro, conquistado com estudo e humildade.
Ser um bàbáláwo é muito mais do que carregar um título. Não adianta fingir que sabe tudo ou tentar fazer algo só para parecer importante. O mandamento diz que o sacerdote deve buscar aprender sempre, sem vergonha de perguntar ou estudar mais. Se ele tem dúvidas sobre um ritual, precisa pesquisar e pedir ajuda a quem sabe. Esconder a falta de conhecimento ou fazer algo pela metade pode causar erros graves, prejudicando quem confia nele. É como tentar construir uma casa sem saber usar as ferramentas: o resultado pode desabar.
Esse mandamento também fala sobre ensinar. O sacerdote tem o dever de compartilhar tudo o que sabe com quem está aprendendo, sem guardar segredos ou esconder informações. Guardar conhecimento para si é como apagar a luz de quem precisa enxergar o caminho. Por outro lado, ensinar com
generosidade fortalece a comunidade e mantém a tradição de Ifá viva. E, se o próprio sacerdote precisa de ajuda, pedir orientação a outros mais experientes não é fraqueza, mas sim um sinal de sabedoria. Como diz o mandamento, a verdadeira sabedoria está em reconhecer o que ainda não sabemos.
Na religião, o sacerdote deve ser um guia confiável, alguém que estuda e se prepara para ajudar de verdade. Quando ele faz um ritual sem estar pronto, é como levar alguém por um caminho perigoso sem mapa. Isso pode machucar a fé das pessoas e enfraquecer a tradição. Essa lição também nos toca no dia a dia. Todos nós, em algum momento, somos guias para alguém, seja um amigo, um filho ou um colega.
Devemos falar só do que sabemos e, se não soubermos, buscar aprender ou indicar quem pode ajudar. Esconder conhecimento ou fingir que sabemos tudo não ajuda ninguém. Compartilhar o que aprendemos, com humildade, é como acender uma vela para iluminar o caminho dos outros. Como diz a sentença, “Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar”. Seguindo esse caminho, a comunidade se fortalece e se faz da religião um espaço de aprendizado, confiança e união, onde todos podem crescer juntos com verdade e respeito.

