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Iyaami Osoronga – II

Por Bàbá Ifasogbon Agboola

O poder das Iyaami é tanto benevolente quanto rigoroso, exigindo que os seres humanos vivam de acordo com o Iwa Pele (bom caráter) para receber suas bênçãos. A Terra, na cosmologia iorubá, é um reflexo vivo do poder das Iyaami. Honrar as Iyaami envolve oferendas específicas, conduzidas por Babalawos ou Iyanifas. Exigem precisão e respeito. Um Ebo mal executado ou uma atitude de desrespeito pode desagradar essas forças, resultando em desequilíbrios espirituais.

A influência das Iyaami também se estende à esfera social e comunitária, onde elas atuam como guardiãs da justiça e da ordem. Acredita-se que as Iyaami têm o poder de intervir em situações de injustiça, punindo aqueles que violam os princípios do Iwa Pele ou que causam danos à comunidade. Essa função reflete sua ligação com Èsù, o mensageiro divino que executa suas ordens no Ayé, e com Òsun, a Òrìsà das águas doces que compartilha com as Iyaami o poder da fertilidade e da transformação. Em algumas comunidades, não em todas, as mulheres iniciadas são vistas como representantes terrenas das Iyaami, desempenhando papéis de liderança espiritual e social, mediando conflitos e promovendo a cura.

Essa conexão reforça a ideia de que o poder das Iyaami não é apenas celestial, mas também profundamente enraizado na experiência humana, especialmente na força do feminino divino. A relação entre as Iyaami e o indivíduo é mediada pelo Orí, a cabeça espiritual que guia o destino de cada pessoa. Um Orí alinhado com as Iyaami é fortalecido, recebendo inspiração, proteção e clareza para cumprir seu propósito. No entanto, descuidar das Iyaami – seja por falta de oferendas, desrespeito ou ações contrárias ao Iwa Pele – pode levar a bloqueios espirituais, como dificuldades financeiras, problemas de saúde ou conflitos familiares, dentre outros.

Em essência, as Iyaami são o equilíbrio perfeito entre poder e sabedoria, entre criação e destruição, entre o divino e o terreno. Honrar as Iyaami é reconhecer a sacralidade do feminino divino, a força da Terra como reflexo de seu poder, e a interconexão entre todos os seres. Elas são a própria pulsação do universo, a energia que sustenta a vida, guia os destinos e mantém viva a conexão entre o Ile Ayé e o Orun, entre o humano e o divino.

Na tradição iorubá, Èsù emerge como uma força essencial que transita livremente entre os reinos do visível e do invisível, conectando os aspectos masculino e feminino. Como o mensageiro divino e mediador entre o Ayé (mundo físico) e o Orun (reino espiritual), Èsù desempenha um papel singular na interação com as Iyaami, canalizando suas energias e garantindo que as intenções humanas sejam transmitidas com precisão às forças primordiais. As Iyaami, em sua sabedoria suprema e conexão direta com Olódùmarè, o Criador Supremo, são as únicas que escolhem seus iniciados, chamando-os por meios que transcendem a compreensão humana e desafiam qualquer tentativa de racionalização.

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Bàbá Ifasogbon Agboola

Sacerdote de Ifá Tradicional Yorubá

Entre em contato: Whats (51) 999-748701

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