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Egbe Orun I

Por Bàbá Ifasogbon Agboola

Egbe é entendido como o grupo celestial de pares, que se conecta espiritualmente com cada ser humano. Enquanto a biologia nos ensina que o corpo humano resulta da combinação entre o óvulo e o espermatozoide, muitas tradições religiosas afirmam que a alma humana se origina no Céu antes de vir ao mundo físico. De acordo com os ensinamentos de Ifá, o nascimento de cada pessoa começa na morada celestial. Ifá revela que o sopro divino de Olódùmarè no Orí moldado por Obàtálá cria uma alma que energiza e dá vida à matéria. Neste estágio, a alma recém-formada percorre os reinos celestiais, aguardando a conexão com os pais que a trarão à Terra. É nesse momento que o “Duplo Celestial” se manifesta, funcionando como um gêmeo espiritual idêntico da alma que, mais tarde, se encarnará como um ser humano na Terra.
O processo exato pelo qual o “Duplo Celestial” é ativado não é completamente claro. Entretanto, é consenso que essa entidade espiritual possui uma ligação estreita com Egbe. Embora não existam registros precisos nos poemas de Ifá sobre quando exatamente o “Duplo Celestial” surge, existem algumas teorias que tentam explicar esse mistério.
Uma das teorias sugere que, no momento em que Olódùmarè insufla vida no Orí criado por Obàtálá, um par é gerado a partir do mesmo sopro, resultando em duas almas que habitam um único Orí. Segundo essa visão, as almas não descem à Terra imediatamente, permanecendo unidas no Céu. Durante esse período, elas desenvolvem um profundo conhecimento mútuo, visitam juntas os mercados espirituais de Ido e Ejigbomekun para escolher seu Orí e Iwa, e aguardam até que sua linhagem terrena seja decidida. Assim que essa escolha é feita, as almas se separam: uma delas desce à Terra, enquanto a outra fica no Céu.
Uma segunda teoria diverge ligeiramente, sugerindo que o “Duplo Celestial” não se forma até que os pais terrenos sejam identificados. Nesse cenário, a alma criada por Olódùmarè se divide em duas, com uma parte ficando no Céu como o “Duplo Celestial” e a outra encarnando na Terra.
Independentemente das teorias, o que fica claro é que todo ser humano possui um correspondente espiritual no Céu. Esse duplo é visto como uma réplica exata do indivíduo terrestre em termos de caráter e personalidade, embora possua um vínculo matrimonial celestial considerado espiritualmente mais elevado. Essa relação reflete a crença de que cada ser humano é uma parte de um todo maior e sagrado, conectado tanto ao mundo físico quanto ao espiritual.

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Bàbá Ifasogbon Agboola

Sacerdote de Ifá Tradicional Yorubá

Entre em contato: Whats (51) 999-748701

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