Por Bàbá Ifasogbon Agboola
Cuidar do Ori é um gesto que vai além do que os olhos podem ver, uma prática que conecta a pessoa consigo mesma, com o divino e com o mundo ao redor. Ori, na tradição iorubá que tanto influencia o candomblé e outras crenças afro-brasileiras, é mais do que a cabeça física ou um símbolo — é o espírito, o destino, uma essência que define quem somos. Ele é único para cada um, como uma marca pessoal que carrega a origem, o motivo e a predestinação.
O Ori é o Agbà, o poderoso primordial, o orixá primordial que nos acompanha desde antes do nascimento. Não vive isolado. Está ligado aos ancestrais, à comunidade e ao meio ambiente. As pessoas com quem convivemos afetam nosso Ori, assim como nossa energia afeta os outros. Por isso, escolha com cuidado quem nos cerca é essencial. Proteger o Ori é igualmente fundamental. Ele é sensível às energias externas, como a inveja ou o peso do dia a dia.
O Ori guia nossa vida. Ele determina não só o óbvio, como pais e local de nascimento, mas também nosso caráter, chamado de Ìwà (caráter). Um bom Ìwà reflete um Ori bem cuidado, enquanto desequilíbrios podem trazer desafios. A superação vem de alinhar o Ori Òde e o Ori Inú, superando conflitos internos. Devemos transformar o destino com esforço, mostrando que o Ori é um caminho ativo. Uma pessoa pode nascer com um potencial incrível, mas precisa cultivá-lo com ações conscientes. Para quem está começando, o cuidado com o Ori pode parecer distante, mas é simples: meditar, escrever o que sente ou conversar com alguém de confiança. Esses momentos de atenção ao Ori são como regar uma planta — com paciência, ela cresce forte.

