Por Bàbá Ifasogbon Agboola
O destino é uma ideia que toca a vida de cada pessoa, seja de forma individual, familiar, grupal ou coletiva. Ele não é algo fixo ou distante, mas uma força que se entrelaça com nossas escolhas, nossas raízes e o ambiente ao nosso redor. O conceito de Ori nos ajuda a entender essa complexidade de maneira profunda e acessível. Ele é o ancião, único e intransferível, que carrega a origem, o motivo, a razão, a existência e a predestinação. O Ori é o ponto de partida de tudo. Antes mesmo de nascermos, ele é escolhido.
Esse momento define aspectos fundamentais: o gênero, os pais, o lugar de nascimento, o ambiente em que crescemos. É como se o Ori fosse um arquivo, um banco de dados que guarda tudo o que vamos viver. Ele carrega o que chamam de Àyànmo, uma predestinação, que inclui nossa personalidade, nossas inclinações e até os desafios que enfrentamos. Por exemplo, uma pessoa pode nascer com um talento natural para a música ou uma tendência a ser mais reservada. Isso vem do Ori, que era como um companheiro fiel, conhecido como Atéle Elédàá, sempre presente, guiando cada passo.
Mas o Ori não é só isso. Ele também é o Elédà, o criador do “Eu”. Pense no Ori como uma semente: ela traz um potencial, mas precisa de cuidado para florescer. Se ignorado, pode murchar; se bem tratado, pode dar frutos incríveis. Esse cuidado é essencial porque o Ori se divide em duas partes: o Ori Òde, a cabeça física, que reflete nossa identidade social e comportamento, e o Ori Inú, a cabeça interior, que guarda nossa essência espiritual, nossas vitórias e riquezas.
O Ori Inú é o lado positivo, uma realidade que podemos alcançar, enquanto o Ori Òde pode, com suas emoções descontroladas, destruir esse potencial. Uma ves que somos influenciados diariamente por diferentes acontecimentos. Quando esses dois entram em conflito, a vida fica desequilibrada. Um elemento importante é o Ìwà, o caráter, que reflete como vivemos esse destino. Um bom Ìwà fortalece o Ori; um caráter assustador pode enfraquecê-lo. Cuidar do Ori, portanto, é cultivar quem somos de forma consciente.
