Por Bàbá Ifasogbon Agboola
Osa Ìrosùn nos ensina, antes de tudo, a reconhecer a vida e a saúde como dádivas preciosas concedidas pelos òrìsàs. Essas bênçãos não devem ser tomadas como garantidas, mas celebradas e cuidadas com gratidão. A saúde, tanto física quanto mental, é a base para qualquer conquista, seja material, emocional ou espiritual. Quando negligenciamos nosso bem-estar, seja por descuido ou por permitir que emoções como o desespero tomem conta, abrimos espaço para desequilíbrios que afetam todas as áreas da nossa existência. Esse odu nos convida a refletir: estamos cuidando do nosso corpo, mente e espírito?
Estamos honrando a vida que nos foi dada? Práticas simples, como manter uma alimentação equilibrada, reservar momentos para o descanso ou buscar a conexão espiritual através de orações e rituais, são formas de demonstrar gratidão aos òrìsàs. Valorizar a vida é um ato de responsabilidade, um compromisso de viver de maneira plena e alinhada com os propósitos divinos. Um dos ensinamentos centrais desse odu é a necessidade de romper com a inércia. A estagnação espiritual ocorre quando nos deixamos levar por atitudes inconscientes, como a procrastinação, a falta de foco ou a repetição de hábitos que não nos elevam. Essas escolhas, mesmo que pequenas, podem acumular-se e bloquear nosso crescimento, impedindo a prosperidade – entendida aqui não apenas como riqueza material, mas como harmonia, realização e equilíbrio em todas as áreas da vida.
Ele nos alerta que a inércia é um obstáculo sutil, mas poderoso. Ela pode se manifestar em decisões adiadas, em promessas não cumpridas a nós mesmos ou em resistências a mudanças necessárias. Para romper esse ciclo, nos incentiva a agir com intenção e disciplina. Isso pode significar estabelecer metas claras, abandonar vícios ou buscar orientação em Ifá para alinhar nossas escolhas com o caminho do crescimento. Cada passo consciente, por menor que seja, é uma vitória contra a estagnação e um movimento em direção à plenitude. A honestidade é um pilar fundamental em Osa Ìrosùn. Este odu nos ensina que a retidão traz paz mental, enquanto a falsidade gera desespero e angústia. Quem vive com integridade, alinhando suas ações com valores éticos, não carrega o peso do remorso ou o medo de ser descoberto.
A honestidade, nesse contexto, não se limita a dizer a verdade, mas envolve ser verdadeiro consigo mesmo, com os outros e com os òrìsà. A falsidade, por outro lado, cria um ciclo vicioso. Quando recorremos a mentiras ou atalhos desonestos, podemos até obter ganhos temporários, mas esses caminhos levam à instabilidade e à insatisfação. A verdadeira prosperidade só é alcançada quando nossas intenções e ações estão em harmonia. Viver com retidão é um ato de coragem, pois exige enfrentar desafios sem comprometer os princípios que Ifá nos ensina. Essa escolha nos permite envelhecer com serenidade, confiantes de que trilhamos um caminho abençoado.

