Por Bàbá Ifasogbon Agboola
3º Mandamento – Eles avisaram que não chamassem forças, da forma errada “ódidé”. (Uma referência às aves noturnas e misteriosas, que se nutrem de sangue. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle).
Significado do 3º mandamento:
O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.
Interpretação:
É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o seguem. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o sangue dos outros.
Mensagem:
Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte), de acordo com os ditames estabelecidos por seu Odu pessoal e seus Orixás de cabeça.
Quem chega aos pés de Orunmilá para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste como olhador. A pessoa que chega com um problema deve ter seu problema solucionado e não o ver acrescentado de outros criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos.
O sacerdote nunca deve dar conselhos errados ou orientações que levem as pessoas a se perderem. Ele compara quem faz isso às aves noturnas, que vivem nas sombras e se alimentam do sangue de outros. Essa imagem forte mostra o perigo de um guia espiritual que, em vez de ajudar, engana e prejudica quem confia nele. O mandamento ensina que o papel do sacerdote é iluminar o caminho, não criar escuridão.
Quando alguém procura o oráculo de Orunmilá, está em busca de respostas para seus problemas, quer encontrar o “irê”, que é a boa sorte, e viver em harmonia com seu Odu e seus Orixás. O sacerdote deve ouvir com atenção e orientar com honestidade, mostrando o caminho certo, sem pensar em ganhos
pessoais, como dinheiro ou poder. Dar um conselho errado de propósito, ou inventar problemas que não existem, é como abrir a porta para energias ruins, que podem machucar a pessoa e sua família.
Esse mandamento nos faz pensar em como é importante confiar em quem nos guia. Imagine uma pessoa que chega ao terreiro com o coração apertado, precisando de ajuda. Ela confia no sacerdote como alguém que vai mostrar a saída, como uma luz no escuro. Se ele usa esse momento para enganar, inventando rituais caros ou criando medos que não são reais, ele não só trai essa confiança, mas também coloca a pessoa em perigo. É como se ele a jogasse em um lugar cheio de riscos, onde ela pode se perder ainda mais. Isso é o oposto do que a religião de Ifá ensina, que é cuidar e proteger.
Esse mandamento nos lembra que a religião deve ser um lugar seguro, onde quem chega com um problema sai mais leve, não mais pesado. O sacerdote deve querer o bem do outro, sem segundas intenções. Ele precisa entender que sua função é ajudar a resolver, não criar mais dificuldades para lucrar ou se sentir importante. Quando isso acontece, a confiança na religião fica abalada, e a comunidade inteira sofre.
Essa lição também vale para todos nós, mesmo fora do terreiro. Quando alguém pede nossa ajuda ou conselho, devemos falar com sinceridade, pensando no que é melhor para a pessoa, não em como podemos tirar proveito. Ser honesto é como oferecer uma mão para quem está perdido, ajudando a encontrar o caminho. Já mentir ou enganar é como virar as costas, deixando o outro sozinho na escuridão. A religião de Ifá nos ensina que cuidar do outro é um compromisso com a verdade e com o bem.
Os sacerdotes devem orientar com amor e respeito, ajudando cada pessoa a encontrar seu “irê” sem medo ou desconfiança. Esse cuidado fortalece a fé e a união da comunidade, criando um espaço onde todos se sentem protegidos. Dessa forma, a religião se torna um caminho de esperança, onde todos podem crescer juntos, com confiança e paz.

