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16 mandamentos de Ifá – II

Por Bàbá Ifasogbon Agboola

2º Mandamento – “Eles avisaram aos Maiores que não chamassem a todos de esúrú”. (Chamar a todos de “esúrú” é considerar todas as coisas como contas sagradas).

Significado do 2º Mandamento:
O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.

Interpretação:
Não se pode proceder a rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos de esúrú é considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o eleké (colar) de um Orixá (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.

Mensagem:
Para ser um sacerdote de Ifá, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais. A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado. Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto de Orunmilá. Aí observa-se a diferença entre “ser bàbáláwo” e “estar bàbáláwo”.

Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de bàbáláwo, jamais será um verdadeiro sacerdote de Orunmilá. “Estará” bàbáláwo, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais “será” bàbáláwo, condição imposta por sua vocação, dedicação e desprendimento. Cabe ao sacerdote que procede a iniciação escolher, com muito critério, aqueles que são realmente dignos do sacerdócio.

Quando os 16 Maiores caminharam para Ile Ifé, receberam um aviso importante: “Não chamem a todos de esúrú”. Aqui, “chamar de esúrú” significa tratar tudo e todos como se fossem sagrados, sem fazer diferença entre o que é comum e o que é especial. Esse mandamento ensina que o sacerdote precisa saber separar o que é profano, ou seja, do dia a dia, do que é sagrado, como os rituais e objetos da religião. É uma regra para garantir que a fé de Ifá seja respeitada.

Esse ensinamento é claro: nem todo mundo pode ou deve ser sacerdote. Para ser um guia espiritual, como um bàbáláwo, é preciso ter qualidades especiais, como honestidade, conhecimento, dedicação e um chamado verdadeiro. Não basta fazer uma iniciação para se tornar sacerdote; é preciso ter o coração e a mente preparada. Como nem todas as contas podem ser usadas para fazer o eleké, um colar sagrado de Orixá, nem todas as pessoas têm o dom ou a vocação para liderar na religião. Tratar tudo como se estivesse pronto para isso pode ser um erro grave, às vezes até uma forma de enganar ou usar a fé para interesses próprios.

Hoje, muitas pessoas querem participar de religiões como a de Ifá, mas nem todas estão prontas para carregar a responsabilidade de ser sacerdote. A iniciação é um passo importante, mas a privacidade não faz de alguém um verdadeiro guia. Como diz o princípio, existe uma diferença entre “ser bàbáláwo” e “estar bàbáláwo”. 

Quem apenas busca o título ou o status de sacerdote, sem ter vocação ou compromisso, nunca será um líder de verdade. Ele pode até ter a carga, mas não terá o respeito e a conexão com o sagrado que uma religião exige. Por isso, quem faz a iniciação de outros precisa escolher com muito cuidado, olhando se uma pessoa tem as qualidades certas, como humildade, vontade de aprender e amor pela comunidade.

Essa ideia nos faz pensar em como o respeito pelo sagrado é importante. Quando alguém faz um ritual sem preparação ou sem ser chamado para isso, é como desrespeitar a tradição e as pessoas que definem na religião. Isso pode confundir quem está buscando ajuda espiritual e até afastar as pessoas da fé. O mandamento também nos ensina que ser sacerdote é mais do que um título; é um compromisso com os outros.

Quem escolhe esse caminho deve cuidar das pessoas, respeitar suas crenças e nunca usar a religião para enganar ou tirar proveito. É como uma promessa de viver com verdade e ajudar a comunidade a crescer unida. Quando um sacerdote envelhece sem preparo ou sem vocação, ele pode machucar as pessoas que dependem dele, e isso vai contra o espírito de Ifá, que valoriza o cuidado e a união.

Esse mandamento pede que os líderes sejam exemplos de respeito e responsabilidade, escolhendo com atenção quem vai carregar o papel de sacerdote. Com isso, a tradição se mantém forte, e a comunidade pode confiar em seus guias. Esse cuidado com o sagrado é o que faz a religião ser um caminho de luz, onde todos podem encontrar apoio e crescer juntos, com honestidade e amor.

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Bàbá Ifasogbon Agboola

Sacerdote de Ifá Tradicional Yorubá

Entre em contato: Whats (51) 999-748701

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