Por Bàbá Ifasogbon Agboola
(Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun)
1º Mandamento – Eles, os 16 Maiores, caminhavam em busca da Terra Prometida, Ile Ifé, a Terra do Amor, para pedirem Ire Ariku (o bem da longevidade) ao Deus Supremo, Olofin. Então perguntaram a Orunmilá: “Viveremos vida longa como foi prometido por Olodumare quando foi feita a consulta através do oráculo de Ifá?” E eles (os adivinhos), responderam: “Aquele que pretende vida longa, que não chame a esúrú” (tipo de inhame parecido com pequenas batatas)”. (Chamar esúrú significa falar do que não se sabe).
Significado do 1º mandamento:
O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui.
Interpretação:
O sacerdote não deve dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.
Mensagem:
Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves consequências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consanguínea e espiritual.
Os 16 Maiores, em sua jornada até Ile Ifé, a Terra do Amor, queriam saber de Orunmilá se viveriam muitos anos, como prometido por Olodumare. A resposta veio clara: “Quem quer vida longa não deve falar do que não sabe”. Aqui, “falar esúrú” é como dizer coisas sem ter certeza, inventando ou passando informações erradas. Isso nos ensina que quem guia os outros, como um sacerdote, precisa falar só a verdade.
Hoje, muitas pessoas buscam ajuda espiritual, especialmente em tempos difíceis. Esse mandamento nos lembra que é importante ser honesto. Quem ensina sobre religião não pode enganar, inventar histórias ou falar algo que não aprendeu com seus mestres. Falar a verdade cria confiança e fortalece a comunidade. Mas, se alguém engana, a natureza cobra caro, e isso pode afetar até os filhos ou as pessoas que seguem esse caminho.
Pensando nisso, podemos comparar com uma ideia simples: quando alguém pede ajuda, é como se mostrasse o rosto e pedisse cuidado. Não é justo enganar quem confia em você. É como se, ao mentir, você virasse as costas para essa pessoa. Ser honesto é respeitar quem está do outro lado, é cuidar de verdade.
Agora, com tantas informações por aí, é fácil alguém se confundir ou ser enganado por promessas falsas. Esse mandamento nos diz para ter cuidado e buscar quem realmente sabe, quem respeita a tradição de Ifá. Na religião, ajudar também é ser verdadeiro, é não deixar ninguém perdido. Essa reflexão se baseia na ideia de que verdade e responsabilidade andam juntas.
Quando um sacerdote fala a verdade, ele cuida de quem escuta, respeita cada pessoa e mantém a fé forte. Não é só sobre regras, mas sobre criar um caminho de respeito e confiança. Ser verdadeiro não é só evitar mentiras, é fazer o bem para os outros e para a comunidade. A religião se torna um jeito de unir as pessoas, com honestidade e carinho, para que todos cresçam juntos.

